Tese de aluno do IQ-Unicamp recebe o III Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos Unicamp – Instituto Vladimir Herzog

A tese do aluno Luan Felipe Campos Oliveira, orientado pela Profa. Dra. Alessandra Sussulini do DQA-IQ-Unicamp, recebeu o prêmio na área de Ciências exatas, engenharia e tecnologia – categoria Pesquisa de Doutorado.

Cerimônia de entrega do III Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos

Autoria: Liana Coll. Fotos: Antonio Scarpinetti. Edição de imagem: Paulo Cavalheri.

Público presente na cerimônia de premiação da terceira edição do PRADH
Público presente na cerimônia de premiação da terceira edição do PRADH

Em cerimônia realizada nesta segunda-feira (22), 15 pesquisadores receberam o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico Unicamp e Instituto Vladimir Herzog (Pradh). O Pradh também homenageou, com prêmios honorários, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, a pesquisadora Adriana Dias (in memorian), o indigenista Bruno Pereira (in memorian) e o jornalista britânico Dom Phillips (in memorian). Essa foi a terceira edição do Pradh, que tem como objetivo reconhecer pesquisas comprometidas com os direitos humanos.

“[O prêmio] vem anualmente renovar um compromisso, do conhecimento comprometido com o respeito à vida em todas as suas dimensões, e assume seu papel transformador por perseguir das mais variadas formas a consolidação da vida digna para todos os seres existentes. É isso que as 15 pesquisas premiadas hoje nos mostram”, afirmou a coordenadora do Observatório de Direitos Humanos da Unicamp, professora Josianne Cerasoli.

Presidente da Comissão Avaliadora do Pradh, a professora Angela Lucas destacou a dedicação dos membros da comissão na análise dos 132 trabalhos inscritos e a diversidade de temas abordados nas pesquisas. “Foram mais de 40 avaliadores das cinco áreas do conhecimento, que fizeram esse trabalho com muito comprometimento e muita atenção. É uma alegria ver que vários assuntos e temas que são caros para a área de direitos humanos estão sendo pesquisados de maneira muito madura, comprometida e atenciosa. Isso vai gerar muitos frutos para o nosso futuro.” Da Comissão Avaliadora, também esteve presente o advogado Flávio de Leão Bastos Pereira, representando a Ordem dos Advogados do Brasil – São Paulo (OAB-SP).

A presença da comitiva de 12 membros do Instituto Vladimir Herzog possibilitou também uma reunião, após a premiação, com representantes da DeDH. O objetivo foi debater novas parcerias.

Estatueta recebida pelos premiados da terceira edição do PRADH
Troféu oferecido aos premiados da terceira edição do PRADH

Honrando o legado de Vladimir Herzog

A diretora da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH), Silvia Santiago, ressaltou o legado de Vladimir Herzog na luta pela emancipação da sociedade e na constituição de cidadãos de direito. “Anos depois estamos aqui para lembrar dessa missão, especialmente de uma instituição pública de ensino, pesquisa e extensão como a Unicamp, que se associa ao Instituto Vladimir Herzog para apoiar e celebrar o esforço que professores, estudantes e pesquisadores fazem para cumprir esse destino e contribuir para uma sociedade melhor.”

O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, e o diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog, Rogério Sotilli, também destacaram a luta pela democracia e a valorização do legado de Herzog por meio do prêmio.

“Para quem viveu a década de 1970, a luta contra a ditadura e contra o regime militar, são momentos como este que nos lembram do significado disso na nossa história, do significado do Vladimir Herzog e do instituto em manter viva essa memória. É um orgulho também para uma Universidade que se caracterizou pela luta democrática poder compartilhar um prêmio que mantém viva essa história”, disse Meirelles, que também ressaltou a valorização do conhecimento desenvolvido em todas as áreas do conhecimento e em todos os níveis de formação das universidades, da graduação ao doutorado.

“Nosso sonho por uma sociedade fundada nos valores dos direitos humanos que tem como base a solidariedade, a promoção e a defesa da democracia é o sonho e é o legado de Vladimir Herzog. Então, para nós, realizar esse prêmio, não é só uma alegria, mas um compromisso de defender o legado do Vlado, que deu sua vida na defesa da democracia e dos direitos humanos”, afirmou Sotilli.

Ele ainda comentou o fato de o Pradh estar sendo realizado pela primeira vez de forma presencial. “Nós fazemos esta cerimônia no mesmo mês em que a Organização Mundial da Saúde declarou o fim do estado de emergência da pandemia do coronavírus. É o fim de um período trágico e de um momento em que a ciência e os direitos humanos foram imprescindíveis, como nunca, e ao mesmo tempo tão atacados, também como nunca.”

Ivo Herzog, diretor do Conselho Deliberativo do IVH e filho do jornalista: foco na educação
Ivo Herzog, diretor do Conselho Deliberativo do IVH e filho do jornalista: foco na educação

Pesquisas abordam problemas estruturais do Brasil

Foram contempladas 15 pesquisas de cinco áreas do conhecimento: Ciências Exatas, Engenharia e Tecnologia; Ciências Biológicas e da Saúde; Ciências Humanas, Sociais e Econômicas; Artes, Comunicação e Linguagem; e Educação. Os temas abordados envolvem assuntos como violência de gênero e racial, sustentabilidade e inclusão.

“[Essas temáticas] são questões estruturais do Brasil, da sua história de séculos, como a questão de raça, da escravidão e dos indígenas. E o Brasil nunca trabalhou para se redimir e repactuar a sociedade. Ter pesquisadores colocando um olhar colabora para o fortalecimento de uma sociedade mais democrática e mais inclusiva”, observa Ivo Herzog, diretor do Conselho Deliberativo do Instituto Vladimir Herzog e filho do jornalista.

Ele conta que a área da educação é considerada a área mais estratégica do Instituto. “Ter uma universidade como a Unicamp como parceira é o sonho que se tornou realidade. Os trabalhos criam canais para que possamos trazer esse conhecimento para aplicar na sociedade”, avalia.

A graduanda em Artes Cênicas, Rafaela Gomes, durante apresentação de slam, ao final da cerimônia de premiação

Homenagens

Os homenageados foram a pesquisadora Adriana Dias, Bruno Pereira e Dom Phillips e o ministro Silvio Almeida.

Viúvo de Dias, Marcelo Higa recebeu o prêmio concedido à esposa. “O tema dos direitos humanos sempre lhe foi caro, mesmo antes de pesquisar os grupos de ódio”, lembrou.

Beatriz Matos, viúva de Bruno, enviou um vídeo agradecendo a homenagem, assim como Alessandra Sampaio, viúva de Dom. “Mando este vídeo para agradecer o prêmio e o reconhecimento pela luta do Bruno e do Dom”, disse Matos.

“Fiquei muito feliz com esse prêmio dado ao Dom e ao Bruno. Achei sensacional, ainda mais vindo de uma universidade pública onde há o protagonismo indígena também”, afirmou Sampaio, para quem a homenagem afirma a presença ainda do legado de ambos.

Silvio Almeida enviou um vídeo em que explica o funcionamento do racismo estrutural no Brasil.

A cerimônia de premiação foi finalizada com a apresentação de slam da graduanda em Artes Cênicas Rafaela Gomes.

Jornal da Unicamp publica reportagens sobre pesquisas premiadas

A fim de divulgar as pesquisas contempladas no III Pradh, o Jornal da Unicamp está produzindo reportagens sobre os trabalhos publicadas em suas edições, cuja periodicidade é quinzenal. Já foram publicadas matérias sobre duas pesquisas: “Fatores de risco para feminicídios na cidade de Campinas: revisão de literatura, estudo caso-controle espacial e análise qualitativa”, de Monica Caicedo Roa (Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp) e “Tecendo vozes e B.O.s: a ressemiotização da violência semiótica contra a mulher em redes sociais online”, de Camila Rebecca Busnardo (Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp).

Confira a lista com todos os contemplados:

Prêmios Honorários

Marcelo Seiko Higa recebeu o prêmio de sua esposa Adriana Dias; homenagem póstuma, por suas importantes pesquisas e incansável luta contra o extremismo e pela defesa da inclusão e diversidade
Marcelo Seiko Higa recebeu o prêmio de sua esposa Adriana Dias; homenagem póstuma, por suas importantes pesquisas e incansável luta contra o extremismo e pela defesa da inclusão e diversidade

Adriana Abreu Magalhães Dias formou-se em Ciências Sociais na Unicamp e realizou o mestrado e o doutorado em Antropologia também na Unicamp. Obteve reconhecimento no país por sua pesquisa em relação ao neonazismo. Dias descobriu a existência de pelo menos 334 células nazistas no Brasil, organizadas em ambiente virtual. Também encontrou uma carta do ex-presidente Jair Bolsonaro endereçada aos grupos nazistas e na qual ele afirma: “Vocês são a razão da existência do meu mandato”. A antropóloga era portadora de osteogênese imperfeita, uma doença genética rara, e foi ativista pelos direitos de pessoas com deficiência e doenças raras. Fundou o Instituto Baresi, fórum nacional congregando pessoas com doenças raras, deficiências e outros grupos de minoritários. Dias faleceu em janeiro de 2023. Ao longo de sua trajetória, também coordenou o Comitê Deficiência e Acessibilidade da Associação Brasileira de Antropologia e integrou a American Anthropological Association e a Frente Nacional de Mulheres com Deficiência. Além disso, foi membro da Associação Vida e Justiça de Apoio às Vítimas da Covid-19, participou de audiências da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara de Campinas que investigava crimes nazifascistas e participou da equipe de transição do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.

Bruno da Cunha Araújo Pereira e Dominic Mark Phillips, assassinados no Vale do Javari em 2022, em homenagem póstuma. Bruno, pela sua luta a favor dos indígenas isolados e da preservação do meio ambiente. Dom Philips, jornalista inglês, pela sua liderança em investigações sobre desmatamento no Brasil.

A viúva do indigenista Bruno Pereira, Beatriz Mattos, durante agradecimento pelo prêmio
A viúva do indigenista Bruno Pereira, Beatriz Mattos, durante agradecimento pelo prêmio

Bruno da Cunha Araújo Pereira era indigenista e atuava junto a povos indígenas na Amazônia, na região do Vale do Javari. Fez carreira na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (antiga Fundação Nacional do Índio, Funai) e era especialista em povos isolados. Na Funai, tornou-se em 2018 o coordenador geral da área de Índios Isolados e de Recém-Contatados. No ano seguinte, no entanto, após coordenar uma megaoperação de combate ao garimpo, foi exonerado pelo governo Bolsonaro e passou a trabalhar junto à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Junto à organização, atuou na guarda do território indígena. O indigenista foi assassinado em junho de 2022, junto como Dom Phillips.

A viúva de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, enviou vídeo de agradecimento pelo prêmio oferecido ao jornalista
A viúva de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, enviou vídeo de agradecimento pelo prêmio oferecido ao jornalista

Dominic Mark Phillips, conhecido como Dom Phillips, foi jornalista e trabalhou para jornais como The Washington PostThe New York Times e Financial Times. Morou em Israel, na Grécia e na Dinamarca e mudou-se para o Brasil em 2007. Na ocasião do assassinato, trabalhava em um livro sobre o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Em sua carreira, também contribuiu para uma investigação do The Guardian sobre as fazendas de gado e o desmatamento no Brasil. Em Salvador, última cidade de residência do jornalista, Dom também lecionava aulas de inglês em um cursinho popular. No início da carreira jornalística, cobriu temas relacionados à música. No Brasil, ele reportou os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016. Depois disso, passou a cobrir essencialmente questões ligadas à crise ambiental e seus impactos nas populações originárias e tradicionais.

Silvio Almeida, homenageado por sua pesquisa, que identifica as bases do racismo estrutural, lançando luzes para políticas públicas antirracistas, e pelo resgate de importantes figuras históricas negras, como Luís Gama
Silvio Almeida, homenageado por sua pesquisa, que identifica as bases do racismo estrutural, lançando luzes para políticas públicas antirracistas, e pelo resgate de importantes figuras históricas negras, como Luís Gama

Silvio Luiz de Almeida, atual Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do governo Lula, é advogado, filósofo e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Fundação Getúlio Vargas. Formou-se em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Fez o mestrado em Direito Político e Econômico na Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutorou-se em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela USP. Foi professor visitante da Universidade de Duke (2020) e de Columbia (2022). Uma de suas obras de maior destaque é o livro Racismo Estrutural, em que aborda a constituição do racismo na estrutura social. Preside o Instituto Luís Gama, organização que desenvolve ações de combate ao preconceito e de defesa dos direitos dos negros e das minorias. Também atuou na Frente Pró-Cotas e foi um dos responsáveis pela formulação das políticas de ação afirmativa do Estado de São Paulo.

Ciências Exatas, Engenharia e Tecnologia

Pesquisa de graduação: “Investigação de ações em sustentabilidade em universidades públicas federais nos eixos água, energia e resíduos”, de Iara Ivana Pereira, Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia (Campus São Carlos) da Universidade Federal de São Carlos

Pesquisa de mestrado: “Aprendizado auto-supervisionado para reconhecimento de cenas em imagens de abuso sexual infantil”, de Pedro Henrique Vaz Valois, Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas

Pesquisa de doutorado: “Foodômica para agricultura sustentável: diferenciação do perfil de voláteis de hortelã e feijão carioca cultivados pelos sistemas agrícolas convencional, orgânico e permacultura, usando hs-spme/gc-ms e quimiometria”, de Luan Felipe Campos Oliveira, Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas

Ciências Biológicas e da Saúde

Pesquisa de graduação: “Construção e validação de cartilha em libras sobre saúde sexual e reprodutiva para mulheres surdas”, de Juliana Maria Teobaldo Martins, Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista

Pesquisa de mestrado: “Gestação e covid-19: a cor da pele importa? Uma análise do estudo rebraco”, de Amanda Dantas Silva, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas

Pesquisa de doutorado: “Fatores de risco para feminicídios na cidade de Campinas: revisão de literatura, estudo caso-controle espacial e análise qualitativa”, de Monica Caicedo Roa, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas

Ciências Humanas, Sociais e Econômicas

Pesquisa de graduação: “Lugar de mulher: experiência e projeto da casa Laudelina de Campos Melo”, Helena Sá Barretto Prado Garcia, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

Pesquisa de mestrado: “Produção do espaço urbano e equipamentos comunitários públicos de educação, saúde e assistência social: um estudo da dinâmica urbana de Limeira/SP”, de Noan Sallati, Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas

Pesquisa de doutorado: “Quem sangra na fábrica de cadáveres? As chacinas em São Paulo e RMSP e a chacina da torcida organizada Pavilhão Nove”, de Camila de Lima Vedovello, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas

Artes, Comunicação e Linguagem

Pesquisa de graduação: “Folha de S. Paulo e os 50 anos do golpe militar: a memória jornalística de mulheres militantes”, de Caroline Cavalleiro Campos, Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (Campus de Bauru) da Universidade Estadual Paulista

Pesquisa de mestrado: “Tecendo vozes e B.O.s: a ressemiotização da violência semiótica contra a mulher em redes sociais online”, de Camila Rebecca Busnardo, Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas

Pesquisa de doutorado: “Nomear o humano: a migração como acontecimento discursivo”, de Giulia Mendes Gambassi, Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas

Educação

Pesquisa de graduação: “Ensino inclusivo do tema modelos atômicos por meio de história em quadrinhos em Braille e materiais manipuláveis” de João Pedro Ponciano, Faculdade de Ciências (Campus Bauru) da Universidade Estadual Paulista

Pesquisa de mestrado: “Ensino de história e cultura afro-brasileira: de pauta do movimento negro à lei 10.639”, de Adriano Bueno da Silva, Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas

Pesquisa de doutorado: “Sonhos de adolescentes em desvantagem social: vida, escola e educação matemática”, de Daniela Alves Soares, Instituto de Geociências e Ciências Exatas (Campus de Rio Claro) da Universidade Estadual Paulista

Notícia originalmente publicada em: https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2023/05/23/quinze-pesquisadores-receberam-o-premio-de-reconhecimento-academico-em-direitos .

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